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terça-feira, 30 de março de 2010

. Quero ..


Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer.
Tudo bem. Eu não preciso de muito.
Eu não quero muito. Eu quero mais.
Mais paz. Mais saúde. Mais dinheiro.
Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia.
Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro.
Mais eu. Mais você.
Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca.
Eu quero nós.
Mais nós.
Grudados. Enrolados. Amarrados.
Jogados no tapete da sala.
Nós que não atam nem desatam.
Eu quero pouco e quero mais.
Quero você. Quero eu.
Quero domingos de manhã.
Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro.
Quero seu beijo. Quero seu cheiro.
Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais."

. Caio Fernando Abreu .


[Não me entenda mal,
não me entenda bem..
É só essa vontade quase simples
de estender o braço
pra tocar você]


.

sábado, 27 de março de 2010

. Acredito ..

"... Eu acredito é em suspiros, mãos massageando as costas, o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem paz para a minha vida.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro de alguma forma, no toque mesmo, na voz ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou.”


. Kathlen Heloise Pfiffer .


[Não que estivesse triste,
só não sentia mais nada..
E embora acreditasse em tudo isso,
preferia continuar assim,
sem sentir nada..
A dor-de-cabeça e a vontade de
silêncio absoluto
já estavam de bom tamanho.
Abismos.]

.

quarta-feira, 24 de março de 2010

. Fico pensando..


"..Será que
quando o coração
escuro de saudade
é porque vai chover ternura?"

. Inêz Generoso .


[E quanto à lua
sorridente de ontem,
sim, ela foi pra vc..

E a saudade chega a dar náuseas..]

.

sábado, 20 de março de 2010

. Frágil .

"Eu me sinto às vezes tão frágil...
Queria me debruçar em alguém, em alguma coisa.
Alguma segurança...
Invento estorinhas para mim mesmo o tempo todo...
Me conformo, me dou força, mas a sensação de estar sozinho não me larga.
Algumas paranóias, mas nada de grave.
O que incomoda é essa fragilidade, essa aceitação, esse contentar-se com quase nada.
Estou todo sensível, as coisas me comovem..."

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"Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora.
Para que o protejam, para que sintam falta.
Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço.
Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável.
Bali, Madagascar, Sumatra.
Escreverá: penso em você.
Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece.
Você sente frio e medo, parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos, começa a passar."

Caio F.


[Continuo me comovendo com o que não acontece
e me contentando com o quase nada.
Porque no amor,
o muito ainda é pouco.
E o pouco..
Ahh.. Esse é quase nada..]

.

quarta-feira, 17 de março de 2010

.. Sal e Água.


Bate o vento carregado de sal e água..
(Como aquela água salgada que costumava molhar meus papéis, minhas frases e face..)
O vento bate forte no meu rosto me fazendo perder o fôlego..
(Como quando tua roupa desabotoava assim distraidamente só de te olhar.)

O barco balança
O vento chicoteia quem vai na frente
Eu na frente, peito aberto..

O frio que corta, a água que molha.
O barco balança.
Eu balanço quando penso em ti..

No meio daquele mar, a gente fica tão pequena, tão frágil..
E a dor parece dissolver em meio de tanta onda.

Nada resta senão fechar os olhos e sentir..
Sentir o mar, o vento, o sal..

.. E você, que me aparece distante.



[Ela só queria sair dali e ir ver o mar, amar.
Se afogar dentro daquele que,
naquele momento, 
era o motivo dos seus pensamentos.]

.

terça-feira, 16 de março de 2010

Que eu sempre tenha força..

..para suportar tanta paz.


"(...)Tenho me sentido legal. Mas é um legal tão merecido, batalhado.."

Ela se sente bem, como há muito não se via..
E nas suas últimas conversas com o travesseiro,
Pedia - entre outras coisas - que sempre tivesse força para suportar tanta paz.

E nesses dias de paz,
Acendia um incenso pela casa,
Mentalizava coisas boas
E pensava nos dias em que esteve em cima
E embaixo..
Teve orgulho.
Se renovava.

A força vinha.
Ela sempre soube que vinha, que vem..
Podia sentir!
Livrava-se das suas preocupações
E da falta que sentia do que já era seu..
Pensava na vida..
Em sua vida!
E seguia com um sorriso aberto nos lábios,
(A)guardando a força que a deixava de pé.

[Livrai-me dos olhares que me ferem sem palavras.
Livrai-me das palavras vãs que me ferem sem olhar.]

.

segunda-feira, 15 de março de 2010

. Vontades.. #parte 01


Éramos eu, música, cama e saudade.

Vontade de construir uma ponte, curta e estreita, para poder chegar aí junto com a luz.
Vontade dos almoços no fim da tarde, do riso frouxo e alto.. Do nosso riso!
Vontade da sua voz.. Voz de madrugada, voz de “quero você aqui”.
Vontade de virar pena para chegar até você leve, bem leve.. Te dar paz. Ficar em paz.
Vontade de mãos e abraços..
Vontade de queixo no ombro e carícias nos cabelos.
Vontade de ter jeito para isso..

Passam esses dias de vontades..
Passo eu aqui, metade, até você voltar.

Somos eu, letras, cama e saudade.
Muita saudade.
Enorme saudade.

["Virava pra lá e pra cá na cama.
Estava impaciente..
Até me sentei no escuro.
 Pensei: 'Não era uma posição o que eu procurava.
Era você'." ]


*

sexta-feira, 12 de março de 2010


(...) Olha, fique em silêncio.
Eu gosto do teu silêncio.
Mas também gosto (mais ainda) de tuas palavras - acredite.
Mas não vim aqui para te falar de ruídos - ou não.
Estou aqui para te falar de céu, mar, estrelas e tapioca.. Como naquele dia, lembra?
Ontem, por incrível que pareça, todos os lugares que pisei eu te procurei.. Teus rastros ficaram por lá.
O balançar de teus cabelos e esse teu jeito meio atacado de ser.
Fiquei feliz em poder sentir tua falta - a falta mostra o quão necessitamos de algo/alguém.
É assim o nosso ciclo.
Eu te preciso.
Perto, longe, tanto faz.
Preciso saber que tu está bem, se respira, se comeu ou tomou banho - com o calor que está fazendo neste verão, tome pelo menos uns três ao dia - e pense em mim.  Estou com calor também.
Me faz bem pensar nessas atividades corriqueiras que supostamente você está fazendo.
Ah, e eu estou te esperando, com meu vestido curto, óculos escuros grandes e meu coração pulsando forte.. 
E te abraçar até sentir o mundo girar apenas para nós.
É, eu gosto muito de ti.
Tomei um táxi e me distraí tanto olhando pela janela que no meio do caminho estendi a mão pro banco vazio do lado querendo pegar na tua mão..

. Caio Fernando Abreu .

[Toda a minha saudade e o meu amor de sempre..]

*

terça-feira, 2 de março de 2010

. Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim ..

"Tá limpo.
Sem ironia. 
Sem engano. 
Amanhã, depois, acontece de novo..
Não fecho nada, não fechamos nada..
Continuamos vivos e atrás da felicidade.
A próxima vez vai ser ainda, quem sabe, mais celestial que desta!
Mais infernal também, pode ser, deixa pintar..
Se tiver aprendido lições (amor é pedagógico?), até aproveito e não faço tanta besteira.
Mas acho que amor não é cursinho pré-vestibular.
Ninguém encontra seu nome no listão dos aprovados. 
A gente só fica assim, parado, olhando a medida do Bonfim no pulso esquerdo, lado do coração, e pensando: Pois é, vejam só... não me valeu."
(Caio Fernando Abreu)


[Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado
(...)
Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde..]

*