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sábado, 31 de outubro de 2009

. Diálogo Interior ..

Ela : Eu preciso muito, muito de você.
Eu quero muito, muito você aqui de vez em quando.. Nem que seja muito de vez em quando.
Você nem precisa trazer maçãs nem perguntar se estou melhor.
Você não precisa trazer nada.. Só você mesmo.
Você nem precisa dizer alguma coisa no telefone.
Basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio.
Juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro..
Mas eu preciso muito, muito de você.

Ele: Tenho medo de te ferir, mas acho que precisamos 'falar seriamente'.
Desculpe, mas acho que sim, sem fantasia, sem comicidade.
Me pergunto sempre se você não teceu em volta de mim uma porção de coisas irreais - se você não está projetando em mim qualquer coisa como um príncipe encantado - esperando a minha volta como quem espera a salvação.

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"Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê.
E tanto tempo terá passado que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância..
Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-me viva.
Você rasga devagar seu pulso com as unhas para que eu possa beber.
Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor e você esquecerá como se esquecesse um compromisso sem muita importância.
Uma fruta mordida em silêncio no prato."




[Olhei para dentro de mim e só havia sangue.
Derramado, como nas cirandas.
Queria acordar, mas não era um sonho.]




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quarta-feira, 28 de outubro de 2009


. D o l o r i d o - C o l o r i d o .
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Eu queria te dizer uma porção de coisas de uma porção de noites, ou tardes, ou manhãs..
Não importa a cor.
É, a cor! O tempo é só uma questão de cor, não é?!
(...) Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você..
Eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia e, se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas..
E pensava que amar era só conseguir ver e desamar era não mais conseguir ver, entende?
(...) Por que você fica sempre (...) me fazendo suspeitar que você não passa mesmo duma simples avenca?
Eu preciso de muito silêncio e de muita concentração para dizer todas as coisas que eu tinha pra te dizer..
Olha, antes de você ir embora eu quero te dizer que ........ ... . . . . . . . . .
(Não houve tempo..)
Caio F. Abreu

[Será que é fácil pintar uma máscara colorida 
quando o que se tem são apenas tons cinzentos 
e um pincel desgastado???]
 
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terça-feira, 27 de outubro de 2009

. Ela quer silêncio .



Às vezes é preciso recolher-se.
O coração não quer obedecer, mas alguma vez aquieta.
A ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma vez resolve sentar-se à beira dessas águas.
Ficamos sem falar, sem pensar, sem agir.
É um começo de sabedoria... e dói.
Dói controlar o pensamento, dói abafar o sentimento..
Além de ser doloroso parece pobre, triste e sem sentido.
Amar era tão infinitamente melhor..
Curtir quem hoje se ausenta era tão imensamente mais rico.
Não queremos escutar essa lição da vida.
Amadurecer parece algo sombrio, definitivo e assustador.
Mas às vezes aquietar-se e esperar que o amor do outro nos descubra nesta praia isolada é só o que nos resta.
Entramos no casulo fabricado com tanta dificuldade e ficamos quase sem sonhar.
Quem nos vê nos julga alheados.
Quem já não nos escuta pensa que emudecemos para sempre e a gente mesmo, às vezes, desconfia de que nunca mais será capaz de nada claro, alegre e feliz.
Mas quem nos amou, se talvez nos amar ainda, há de saber que se nossa essência é ambiguidade e mutação, este silêncio é tanto uma máscara quanto foram, quem sabe, um dia os seus acenos.

Lya Luft


. Silêncio por favor. Enquanto esqueço um pouco a dor no peito. Não diga nada sobre meus defeitos. Eu não me lembro mais quem me deixou assim... Hoje eu quero apenas uma pausa de mil compassos .

É cedo ou tarde demais?


"Como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira.. É, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim: avenca, samambaia, roseira.. Mas nunca, em nenhum momento, essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas e depois as portas e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente…”
. Caio F. Abreu .


Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube que ias comigo.
Até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
. Pablo Neruda.



[Então ele foi embora..
Enquanto eu fico aqui tentando manter o meu jardim vivo..]

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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Boas Vindas!


Não tente entender aquilo que eu não faço tanta questão de explicar...
Defino-me assim: indefinida.
Já nasci pronta, mas vivo inacabada.
Sou inteira, em partes encaixadas.
Me sacio, mas volta e meia... insatisfeita.
Me escrevo e reescrevo, não quero o meu final.

Estou na metade do capítulo... ou do versículo.
Queria ser um poema... embora escrevendo um livro.
Sou paixão personificada, amor em minha essência.
Saudade do que não tenho.
Lembrança do que já tive.

Ausência...
Não sou santa, eu não nego!
Um tanto louca, me confesso.
Tenho medo, mas sempre valente.
À vezes caio, outras só escorrego.
Mas se for o caso, pulo, mergulho...

Não me tente, eu me entrego.
Sou parte do mar, muito do céu...
Meus pés vivem no chão, meu coração vive ao leo.



.Meu coração é uma montanha-russa.