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terça-feira, 27 de outubro de 2009

. Ela quer silêncio .



Às vezes é preciso recolher-se.
O coração não quer obedecer, mas alguma vez aquieta.
A ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma vez resolve sentar-se à beira dessas águas.
Ficamos sem falar, sem pensar, sem agir.
É um começo de sabedoria... e dói.
Dói controlar o pensamento, dói abafar o sentimento..
Além de ser doloroso parece pobre, triste e sem sentido.
Amar era tão infinitamente melhor..
Curtir quem hoje se ausenta era tão imensamente mais rico.
Não queremos escutar essa lição da vida.
Amadurecer parece algo sombrio, definitivo e assustador.
Mas às vezes aquietar-se e esperar que o amor do outro nos descubra nesta praia isolada é só o que nos resta.
Entramos no casulo fabricado com tanta dificuldade e ficamos quase sem sonhar.
Quem nos vê nos julga alheados.
Quem já não nos escuta pensa que emudecemos para sempre e a gente mesmo, às vezes, desconfia de que nunca mais será capaz de nada claro, alegre e feliz.
Mas quem nos amou, se talvez nos amar ainda, há de saber que se nossa essência é ambiguidade e mutação, este silêncio é tanto uma máscara quanto foram, quem sabe, um dia os seus acenos.

Lya Luft


. Silêncio por favor. Enquanto esqueço um pouco a dor no peito. Não diga nada sobre meus defeitos. Eu não me lembro mais quem me deixou assim... Hoje eu quero apenas uma pausa de mil compassos .

É cedo ou tarde demais?


"Como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira.. É, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim: avenca, samambaia, roseira.. Mas nunca, em nenhum momento, essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas e depois as portas e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente…”
. Caio F. Abreu .


Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube que ias comigo.
Até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
. Pablo Neruda.



[Então ele foi embora..
Enquanto eu fico aqui tentando manter o meu jardim vivo..]

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