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domingo, 28 de fevereiro de 2010

.. A Casa .


E se essas mãos fossem de mentira
A estrutura dessa casa resistiria por quanto tempo?

Quando a base é frágil
Cada dia se torna um novo desafio.

Manter a casa de pé
E a mobília organizada
Desgasta quando o alicerce é pobre, fraco.
Nada é estável.
Tudo balança..
Rachaduras à mostra.

E a esperança não se renova.
Ela acaba aos pouquinhos
Levando junto essa contrução mentirosa..

É uma pena,
Pois essa casa poderia ser muito bonita
Se as mãos fossem de verdade..

Mas eu não posso fazer tudo sozinha..
Isso é o que me dói mais.

E quando eu montar casa nova,
Se você não estiver dentro,
Não se assuste,
Mas tenha certeza 
Que estarei muito bem 
E muito mal.

Bem por estar longe de você.
Mal por estar longe de você.


[Ultimamente ando sem paciência
para concretos, cal e escavadeiras.
Me calo deixando o tempo passar.
Um dia a casa desaba..

Eu só queria sair ilesa, cara..
Só isso.

E me calo..]

*

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

. Um dia, uma noite e mais um dia..


Tristeza. Incerteza. Mudez. 


Vontade de voltar. Mensagem enviada. 
Mala pronta. Planos encaixotados.
Calor. Choro. Arrependimento. 


Conversa. Choro. Raiva.
Vinho. Calor.
Desculpas. Beijo. Paz.
Sexo. Amor. Calor. Banho.
Mala desfeita. 
Vontade de ficar.


[E resconstituo os pedaços
A gente enfeita o cotidiano
Tudo se ajeita.]

*

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

.:. E quem não é? E quem te garante? .:.



Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. 
Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera. Estranho é que ela já apanhou demais da vida.
Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça... ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará.
A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário... por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. 
E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda... 
Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.

Sempre Caio.. 
Sabendo me mostrar
Tudo que preciso ver  
E no momento exato..

*

[Estranha sensação lhe viera naquele dia..
A de achar que se moresse naquele instante, 
não ficaria com dó de deixar nada nem ninguém..

E ela só queria ir pra casa.]

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

. Repito e repito..

"Tenho repetido que, no que depender de mim, me recuso a ser infeliz".

Caio Fernando Abreu


[E pela minha lei
a gente era obrigado a ser feliz!]

*

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

.:. Além das palavras .:.


Nesses momentos, abraçados, falavam de si, revelando-se mutuamente, se experimentavam, maravilhados, descobriam pontos de contato, afinidades insuspeitadas. Recompunham o mundo à sua maneira, tentavam um entendimento completo além das palavras.


Fernando Sabino in “0 Encontro Marcado”


[Mas no momento, só palavras
escritas e faladas..
Mas que não deixam de vir
carregadas de abraços e toques.]

*

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

"Vê se não vai demorar.."


Um tanto tristinha sim..

Uma vontade de estar sempre junto
de abraçar
de sentir a pele em brasa
do arrepio do toque
do descompasso do coração..

É que essa coisa que chamam de saudade
já tinha chegado antes de você ir embora..


[Partiu com um sorriso sem graça no rosto
e uma mochila nas costas..

E eu continuo odiando aquela mala..]

.