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sábado, 31 de outubro de 2009

. Diálogo Interior ..

Ela : Eu preciso muito, muito de você.
Eu quero muito, muito você aqui de vez em quando.. Nem que seja muito de vez em quando.
Você nem precisa trazer maçãs nem perguntar se estou melhor.
Você não precisa trazer nada.. Só você mesmo.
Você nem precisa dizer alguma coisa no telefone.
Basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio.
Juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro..
Mas eu preciso muito, muito de você.

Ele: Tenho medo de te ferir, mas acho que precisamos 'falar seriamente'.
Desculpe, mas acho que sim, sem fantasia, sem comicidade.
Me pergunto sempre se você não teceu em volta de mim uma porção de coisas irreais - se você não está projetando em mim qualquer coisa como um príncipe encantado - esperando a minha volta como quem espera a salvação.

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"Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê.
E tanto tempo terá passado que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância..
Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-me viva.
Você rasga devagar seu pulso com as unhas para que eu possa beber.
Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor e você esquecerá como se esquecesse um compromisso sem muita importância.
Uma fruta mordida em silêncio no prato."




[Olhei para dentro de mim e só havia sangue.
Derramado, como nas cirandas.
Queria acordar, mas não era um sonho.]




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